Promotor e presidente da Abrasel divergem sobre fechamento de bares na PB

O Secretário de Segurança e Defesa Social da Paraíba, Cláudio Lima, defendeu, nessa segunda-feira (25), em entrevista ao programa Rede Debate, da RCTV (canal 27 da Net Digital), que seja estabelecido um horário para fechamento de bares no estado. Nesta terça-feira (26), o Portal Correio ouviu entidades para saber quais impactos o comércio paraibano sofreria caso a medida fosse adotada e qual o reflexo disso para a população.

Para o promotor Glauberto Bezerra, da Promotoria de Justiça do Consumidor do Ministério Público da Paraíba, a regulamentação de um horário para funcionamento de bares iria ser muito boa para a população.

“Essa medida de segurança pública já foi adotada em vários países. Nesses lugares, foi verificada a redução no número de acidentes. Então acredito que aplicada à realidade paraibana isso traria muitos benefícios. Somos testemunhas constantemente uma violência silenciosa. Os veículos são armas tão perigosas quanto às de fogo e muitas pessoas são vítimas da imprudência e irresponsabilidade alheia”, opinou.

Já o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) na Paraíba, Paulo Amaral, não acredita que a medida contribuiria para a redução de acidentes.

“A partir do momento em que proibimos a venda depois de um determinado horário e estamos dizendo que antes disso as pessoas não se embriagam. O problema das mortes no trânsito é uma questão de educação. As pessoas precisam entender que não devem dirigir após beber. Diminuir o tempo de comercialização de álcool não vai adiantar de nada se não houver uma conscientização por parte dos consumidores”, argumentou.

O debate sobre um horário para fechamento de bares foi levantado após o acidente que envolveu um médico em uma bicicleta e um motociclista, que, segundo testemunhas, teria apresentado indícios de embriaguez. A batida ocorreu nesse sábado (23), no bairro do Bessa, Zona Leste de João Pessoa.

O presidente da Abrasel-PB também culpou a falta de fiscalização pelo número de acidentes de trânsito registrados no estado. “Se esse motociclista tivesse sido parado por uma blitz ele não teria machucado o ciclista. Isso é óbvio. O problema é que as pessoas fecham os olhos para um problema claro, que é a falta de conscientização e de fiscalização”, completou.

Paulo Amaral também defendeu que a regulamentação de um horário limite para o comércio de bebidas alcoólicas influenciaria negativamente o turismo.

“Já recebi reclamações de que os restaurantes e bares de João Pessoa param de funcionar depois das 2h. Muita gente chega à Capital de madrugada e não tem onde comer. Isso já pesa negativamente para a gente. Agora imagina se tivermos que parar de vender bebidas mais cedo? É óbvio que diminuiria o faturamento dos negócios daqui”, concluiu.

O presidente da Federação do Comércio de Bens e Serviços da Paraíba (Fecomércio-PB), Marconi Medeiros, concorda que reduzir o tempo de funcionamento dos bares pode prejudicar o turismo do estado, mas disse que a entidade também se preocupa com a segurança no trânsito paraibano.

“Bares e restaurantes são importantes atrativos e nesse momento em que João Pessoa e a Paraíba em geral se coloca como grande destino turístico limitar o funcionamento desses estabelecimentos pode prejudicar nosso turismo. E se há prejuízo, há redução na geração de renda e emprego. No entanto, compartilhamos da preocupação do secretário com a segurança e achamos ela legítima”, ponderou.

Fonte: Portal Correio

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