Estudantes ameaçam protesto contra preço da tarifa de ônibus

Os representantes da classe estudantil de Campina Grande devem promover uma mobilização ainda esta semana para demonstrar o desacordo com o aumento do preço da passagem de ônibus que subiu de R$ 2,10 para R$ 2,20, e passou a ser cobrado desde ontem. Outras entidades representativas devem ser convocadas em caráter de urgência para que os protestos ocorram já nos próximos dias.

Com a decisão do Conselho Municipal de Transportes de Campina Grande, que na última sexta-feira aprovou o reajuste de R$ 2,10 para R$ 2,30, o prefeito Romero Rodrigues reduziu esse valor, assinando um decreto para que o valor reduzisse R$ 0,10 em relação à proposta do Conselho. Mesmo assim, os estudantes consideraram o reajuste abusivo e prometeram não aceitá-lo de forma passiva, uma vez que para eles o preço praticado anteriormente na cidade já era considerado alto.

O presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Mateus Gomes, apontou que o reajuste vai além do que deveria ser cobrado em Campina Grande, uma vez que o serviço é deficitário e o valor da passagem bem acima proporcionalmente do que as principais cidades do Nordeste cobram. Ele destacou ainda que a frota de veículos apresenta diversos problemas e que ainda não há um grande número de funcionários que justifique um aumento realizado todos os anos.

“Campina Grande é uma cidade pequena em relação à oferta do transporte coletivo. Em cidades como João Pessoa, por exemplo, que a distância percorrida é bem maior e existe um número grande de veículos, o preço é praticamente o mesmo, o que proporcionalmente deixa a tarifa de Campina Grande muito cara. As empresas alegam gastos com funcionários, mas elas demitiram praticamente todos os cobradores, ou seja, não houve aumento no número de contratações. Esse aumento é um absurdo, e nós vamos lutar contra ele”, afirmou o representante do DCE da UFCG.

Já Alberto Alves, presidente do DCE da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), disse que o que está acontecendo em Campina Grande é uma padronização de reajuste anual para o setor de transportes. Ele disse que há bastante tempo o reajuste vem sendo de R$ 0,10 e que a classe estudantil e trabalhadora estão sendo as mais prejudicadas. “Todo ano acontece a mesma coisa. É um processo que está viciado. Ao invés de estarmos discutindo a melhoria do sistema de transporte e a implantação do passe livre universal, temos que lutar contra esse aumento abusivo”, disse.

Sobre a mobilização, os representantes dos estudantes confirmaram que a concentração deverá acontecer na Praça da Bandeira, mas ainda sem hora nem data definida. Eles apontaram que o decreto assinado no último sábado e a cobrança da nova tarifa numa segunda-feira prejudicou a organização do movimento. “Não podemos esperar muito. Até o final desta semana deveremos fazer diversos movimentos partindo da Praça da Bandeira e indo até a porta dos responsáveis por esse processo”, acrescentou Alberto, presidente do DCE da UEPB.

O diretor institucional do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Campina Grande (Sitrans), Anchieta Bernadino, afirmou que as planilhas com os custos reais do serviço no município foram entregues ao prefeito, e que essa decisão de reduzir a proposta inicial não irá solucionar os problemas vivenciados no município. Já o prefeito Romero Rodrigues apontou que sua decisão foi tomada para minimizar o impacto financeiro sofrido pelos usuários do serviço, já que ele optou pelo menor percentual de reajuste possível no momento.


Fonte: JP