Suspensão de concurso frustra e aprovados estão desempregados

O sonho de uma vida nova está suspenso para 197 pessoas que foram aprovadas no concurso público da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e o motivo apontado pelos candidatos é um erro cometido pela Comissão Permanente de Concursos (CPCON) que realizou as provas. Em nota, a administração da UEPB disse que vai tentar reverter a liminar emitida pela Justiça e que barrou o concurso. A posse estava marcada para o próximo dia 23 e muitos já deixaram empregos para começar a trabalhar na UEPB.

Juliana Bezerra, 32 anos, era gerente de uma loja de conveniência quando o resultado foi publicado pela CPCON, o que a fez pedir demissão. Ela prestou o concurso para os cargos de auxiliar administrativo e assistente administrativo, ficou na segunda e na 40ª posição, respectivamente, mas saiu da lista de classificados após republicação do resultado. Foram oferecidas 71 vagas para auxiliar e 80 para assistente.

“A gente foi eliminado e teve a nota da redação zerada e a única explicação que tinha é que seria zerada redação com qualquer forma de identificação do candidato. Eu não me identifiquei, o que havia na minha redação era um nome fictício que fazia parte da estrutura do padrão ofício”, explicou Juliana.

Juliana é uma das prejudicadas com a suspensão do concurso (Foto: Jornal Correio da Paraíba) Com isso, ela e outros candidatos buscaram a procuradoria da universidade. O objetivo foi, segundo Juliana, ter uma forma de se defender desta acusação e reaver a vaga nos dois cargos que ela havia sido apontada inicialmente como aprovada.

“Eu tenho direito ao contraditório e a ampla defesa e isso foi tirado de mim. A gente fez um pedido de parecer jurídico à procuradoria da universidade, que entendeu e emitiu um parecer favorável, orientando a CPCON a aprovar os candidatos”, falou. Este pedido de parecer foi entendido como recurso fora da época destinada, o que motivou a suspensão do concurso.

Enquanto o problema é resolvido, ela voltou a estudar. No entanto, Juliana disse que não está em condições de aprender ou manter os assuntos na memória, já que se sente estressada com o caso.

“Psicologicamente eu estou muito abalada, eu estou tentando estudar, mas é um desgaste muito grande. Passar em um concurso não é só carreira, é um sonho. São vidas, não são só nomes em um papel e a gente não fez nada de errado”, acrescentou.

Herick Adão dos Santos, 27 anos, também pediu demissão de seu emprego. Ele é deficiente físico e voltou a procurar emprego em empresas com condições favoráveis para locomoção de pessoas com necessidades especiais. Adão é o primeiro colocado para o cargo de almoxarifado.

“Estava em cima do prazo e eu estou cumprindo aviso prévio, então vou ficar sem renda. Não tem mais como voltar atrás na empresa porque os papeis da demissão já estão prontos e é difícil encontrar um local que comporte as minhas necessidades”, lamentou.

Ele tem uma limitação no pé direito provocada por uma deformidade adquirida após acidente. Com isso, ele precisa de um trabalho adaptado, no qual fique sentado. O rapaz afirmou que se sente em um jogo, onde as pessoas estariam brincando com sua vida.

“Fui do céu ao inferno, com a aprovação em um concurso para toda esta confusão. E eu que não tenho nada a ver com isso, não terei como pagar minhas contas no mês que vem”, acrescentou.

No processo judicial, se alega que foram acatados recursos após o prazo destinado para que isso fosse feito. O certame está suspenso sob pena de multa diária no valor de R$ 50 mil.

*Texto de Wênia Bandeira, do Jornal Correio da Paraíba

Fonte: Portal Correio